segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Piso duro, queixo erguido. Lanço um olhar, sobrancelha arqueada, pra um idiotinha qualquer que me atravessa. Tenho curta paciência pra curtos neurônios, pra pouca sensibilidade; curtas palavras, nada a dizer, pra quem não sabe o que quer ouvir.
Minha rebeldia me veio hoje, tardia; nunca na adolescência, ou antes, me filiei, adorei bandas, segui modinhas, fundamentei meus sentimentos sobre o mundo em coisas fora de mim; sempre me achei autora daquilo que vive aqui dentro, mesmo que ouvisse parecido de outros, eu me era, sozinha comigo em infindas noites num mundo-quarto, era criadora de mim e do mundo. Mas quanto não sabia... Quanto não sei...
Me ‘imaginei’ quantas vezes romper a bolha de imaginações em que vivia, e finalmente experimentar as borbulhas da minha alma, sair do intocável e experimentar as sensações. Sempre usei muito bem meu tempo pensando, mastigando idéias, mas não é suficiente, não pode ser.
É justo que minha natureza revolucionária vá ao mundo, se manifeste concretamente. Até que descobri onde eu me fixaria com toda minha alma e a ela permitiria um lugar de liberdade. Nas palavras. Não tive circunstâncias que me levassem a desabrochar de outra maneira, a não ser essa silenciosa, quieta em princípio, mas capaz de causar arroubos como qualquer revolução.
A palavra é como grito minhas batalhas íntimas e invisíveis a vocês, outros; é como me ponho, é por onde me chegam, por onde eu sigo.
Poderia ter sido uma rebelde em época certa, me encaixaria numa adolescente punk, hippie, rock; tenho sentimentos pra qualquer uma dessas vias, mas estive aqui, em mim, colhendo meu próprio material, fazendo meu repertório solo.
Cultivo uma pose pouco simpática, mas é pra quem me olha rápido, fácil, quem me olha devagar e com cuidado sabe ter de mim o que é bom. Ouvi o Lobão cantar agora que “há sempre uma outra pose por trás de quem posa”, é isso aí, há tantas aqui... Há tanto por vir, e estou me apresentando ao espelho todos os dias. Tem gente que nem se olha.
As palavras escrevem trilhas; cheguem a mim, elas estão aqui, soltas e leves... Buscando.

Um comentário:

Frido disse...

Nossa!!! Que Perfeito! É isso! Palavras bem direcionadas podem fundamentar uma revolução!

Os textos deste blog são de minha inteira autoria, excetuando eventuais publicações de autoria de terceiros que são devidamente reconhecidas.
Agradeço, de coração, a visita !



Cinthia Freitas