terça-feira, 30 de setembro de 2008

Sobrou meu velho vício de sonhar


Ficou difícil, tudo aquilo, nada disso
Sobrou meu velho vício de sonhar
Pular de precipício em precipício, ossos do ofício
...
Repetindo, repetindo, repetindo como num disco riscado
O velho texto batido dos amantes mal amados, dos amores mal vividos

Cutucando, relembrando, reabrindo a mesma velha ferida
E é pra não ter recaída que não me deixo esquecer
Que é uma pena, mas você não vale a pena
...

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

As suas palavras mágicas


Será mesmo que as palavras carregam tanta mágica e são capazes de nos mostrar tanto poder mesmo assim tão descontraídas? Será mais uma loucura que eu invento pra encher de sabor esses dias tão normais, ou pode ser um sinal pra que eu não cometa mais esse erro que está só a espera da hora?
O certo é que essas palavras despertam uma fagulha que logo ao senti-las incendeia aqui dentro, e não é um mero sentir sem sentimento, é mesmo um ardor de que preciso, e é uma maior alegria, dessas que só se tem de repente, como surpresa, a mais deliciosa...
Essas palavras têm um dono e um rosto que eu quase conheço, faltando-lhes ainda o cheiro e o gosto, que tanto anseio, e que é outra delícia a sustentar esse delírio, um delírio que pode não ser tão louco, louco delírio apenas. Eu mal sei quem ele é, não sei nada na verdade, e isso torna tudo melhor, não conhecer o que quero, querer por querer, sentir, mais uma vez sentir, apenas. É o que falta, parece, por ai: deixar as coisas entrarem e senti-las, como fazem as palavras que roubo dele, ou que ele me oferta sem saber, preenchendo minhas vontades.
Mesmo sabendo que o que elas dizem não são para mim, sonho noites, encontros e poemas em dias especiais, sonho com elas tanto quanto com seus lábios e braços, com um corpo inteiro e um calor; carinho é tudo o que quero às vezes, e elas acariciam como se fossem tudo o que eu precisava.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Vinte anos .


Minha vida é sustentada por pequenos delitos;
cometo erros sabendo decorado a coisa certa a fazer,
alimento vícios,
abalo meus escudos e
uso o que sei de mim contra mim,
quebro minhas próprias regras ...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Devaneios de sala de aula ..

Arrastada por palavras incertas,
coisas que finjo saber ...
Arrasada por desejos que não tenho,
coisas que não posso escolher ...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008



Cultivo indiferença e planto silêncio no meu jardim que há muito não dá flor.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Só uma parte de mim compreende


...

que a luz dos teus olhos
é mais profunda que todas as rosas

no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto

teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos nalgum lugar

me abre sempre, pétala por pétala

...

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Querer... mais que querer


Essa diferença entre nós nos alivia da ardência da paixão, do peso das coisas inexplicáveis, porque mais forte é o que não conseguimos compreender. Amo porque amo, quero porque quero, desejo porque desejo... E tem muitas coisas pedindo pra que não seja assim, mas é.

O querer é mesmo uma força que me doma, não posso compreender... Não sei de onde vem e por que vai quando eu pensava em ficar mais, mas permanece com teimosia cutucando minha aparente tranqüilidade, desfazendo minhas intenções, reaparece , ou não deixa de ser, só muda de foco... Ah... esse querer ...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Só faz sentido no fundo da cama


Tenho um segredo também, e é aquilo que nem sei ainda, são as possibilidades de mim, a infinitude do meu sendo, que é transformação e redescobrimento. Tenho um segredo sim, e é aquilo que passo no contato comigo mesmo, segredo do fundo da cama das noites insones, segredo da carne invadida por lâminas frias e sentimentos cruéis. Todos temos segredos, de vontades e faltas, de dores e desprendimentos.
Não por isso, nunca por isso, farei dessa existência que por alguma razão insondável me foi dada um quadro de frustrações incompreendidas; se eu tiver que ser vítima, que seja das minhas escolhas, que seja, portanto, de mim. Porque mesmo quando não peço por algo há um momento em que posso escolher simplesmente querê-lo ou abandoná-lo.
Nem o acaso nem o destino me arrancam simpatia, se as coisas têm um jeito de ser, uma ordem, e se eu também tenho que ter, é no estender dos dias que elas se desvelam, numa cadência ou num vendaval da constante inconstância do meu sentir.
O medo não me torna inconsolável, preciso dele pra possuir tudo o que quero, porque só tenho o que perco, mas não preciso não viver por isso, não preciso não sentir, vivo assim, e vivo.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Entre o chão e os ares


De que vale ser daqui
De que vale ser daqui
Onde a vida é de sonhar?
Liberdade!

sábado, 6 de setembro de 2008

Os ais e os hão de ser

Sonho com gente que não conheço, mas sei que existem, durmo um dia inteiro e meu corpo não sente, nem o colchão avisa que já passou há muito a hora de acordar, ouço as palavras erradas da boca certa, não como a janta, almoço na hora da merenda, não tomo café.
Ouço o barulho das ondas do mar e sinto o cheiro daquela árvore que eu não sei qual é, aqui na minha cabeça, me esforçando pra apreender um pouco de vida, um pouco da vida, na minha; acho que amanhã vou à praia, sozinha.
É, faz bem sair só por ai, quem dera a coragem de pôr de uma vez aquela mochila meio arrumada nas costas e ir... Ela me espera tão tranqüila, como se tivesse todo o tempo do mundo, eu; ela me espera tão conformada, como se fosse esse o seu destino, meu.
Gasto amor por ai, com gente, que desperdício... E não sei amar um animal, bichinho qualquer.
A filosofia que eu sei não cabe nas palavras, nem em nada que possam me exigir. Deixa eu sentir, pra saber se eu sei, mas não sabendo, quero viver assim...

Uma pausa

O que fez o tempo? Apenas dei uma olhada numas palavras amargas soltas por ai num minuto, e o relógio acabou com minha noite... Odeio esse maldito tempo!
E não me venham falar que ele traz o consolo das suas próprias mazelas; é um carrasco imundo que não respeita nada. E não me venham falar que a revolta não adianta, só porque ele mostra o quanto sou impotente; é isso mesmo o que quero, que ele inflame minhas vísceras com ódio e rancor, e que eu nunca esqueça o que ele é capaz... Para curar a ferida precisa estar sempre aberta...

...

O tempo que eu captava através dos cheiros, o meu tempo , o quando e como das coisas da minha memória, não há mais, ele não aquieta num só instante seu um acalanto pra mim.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Ouve o teu coração ao cair da tarde


Venho ao jardim da morada que fiz pra nós
e alguns pássaros me distraem cantando uns para os outros,
dizendo o que eu nunca vou saber,
e me pergunto se o teu silêncio pode bastar como um canto que me fascine.
...
Tarde, o tempo já passou com sua incontestável eminência,
não me disse nada, não me perguntou o que eu queria,
sacudiu minha cara dura e cutucou esse coração acuado,
colocou um instante teu aqui dentro, e eu nem quis tirar.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Uma coisa sua que ficou em mim [e não tem fim...]




" Eu não sou eu,

Nem sou o outro

Sou qualquer coisa de intermédio

Pilar da ponte de tédio

Que vai de mim para o outro " (música-Adriana Calcanhoto)

...

Por favor arranquem esse coração de mim! E matem meus sonhos de uma vez, e nunca mais queiram me dizer o que é felicidade. Levem embora todas as minhas vontades, não me deixem com nada, nem dor!
Os textos deste blog são de minha inteira autoria, excetuando eventuais publicações de autoria de terceiros que são devidamente reconhecidas.
Agradeço, de coração, a visita !



Cinthia Freitas