terça-feira, 25 de agosto de 2009

Ultimamente o que sei dizer cabe em cinco ou seis linhas, interrompo todos os pensamentos, às vezes é preguiça, às vezes é o vazio mesmo que não cura, estou pela metade de tão sozinha, junto pedacinhos de antigas verdades tentando ordenar as fatais escolhas, quero laçar o futuro e esconder de todo o perigo.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

" com minha dor não se brinca, eu já disse que não..." Eu já disse que não ?

Daí eu leio um livro que roube e sugue todas as forças do meu pensamento e no meio da hipnose tem “pipoca com bacon”, e eu comi pipoca com bacon no dia em que não estava com ele, e aí eu entendo o que é desgraça, é não apenas lembrar incessantemente dos dias e horas e um tudo que passei com ele, mas também decorar o momento em que ele não estava.
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_ Mas a gente sempre fala isso e disso, vamos mudar esse disco!
Eu sei, sei que o que queria mesmo era mudar o lado do disco da minha vida.
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Eu sei que o louco é ainda mais louco quando ciente das suas loucuras (é?) então se ligo quatorze ou trinta e duas vezes pra um telefone que não me atende pelo mesmo motivo de eu estar ligando eu sou uma coitada, ridícula, patética, mas eu visto a camisa com tanta propriedade, sem frescura, e quase, quase hein, feliz, que até não é tão feio. (é?)
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Pior, pior que a pipoca com bacon é o parágrafo “Fanta uva” e o desgraçado sempre e só bebe Fanta uva, enquanto eu só e sempre fico com o suco de laranja, mas disso ele também não deve lembrar
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domingo, 16 de agosto de 2009


Os meus desencontros com você são tão menores que as dores do mundo, que o mundo, tão menores que qualquer dor, mas tão maiores que eu, avassaladoramente engolidores de qualquer razão em mim. Que eu entenda as diversidades, as particularidades, mas não tanto que eu entenda a minha dor e o que me causa, o que é alheio de logo me cabe um pensamento, mas do que me suspeita o peito não assume explicação, não tem equidade, é para além do imperdoável e inconcebível, é intragável para o que de mim não suporta superioridade.
Quem souber amar que o faça sem poupar nenhuma gota, quem puder acreditar que não hesite em nenhum momento, quando tiver que doer vai ser sem licença e não adianta pedido nem reza, mas que venha dor se vier amor.
Desaprendi como é andar sem rumo, me agarrei ao porto, à vista, a brisa, a vida de lá estava tranqüila, agora vivo a querer a segurança, procurando o incerto do mais certo, pretendendo caminho reto lugar cativo, que a ingenuidade e a entrega desmedida são alívio de alma cansada, assim entendo.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

“Sobre essas coisas sem jeito que eu trago em meu peito”



Não sei se viver é melhor que sonhar, é que o que é vivido acontece de não ser mesmo aquilo que se deseja porque aprendemos é que nem sempre teremos o alcance dos nossos quereres, mas é que esse “nem sempre” se transforma comumente em nunca, por pura acomodação ou cegueira, por tanta impotência acolhida, por tanta covardia, nos permitimos o nunca e o não sonhar, pra fugir do ridículo que é apostar no esquecido. Deve ser por coisa assim parecida que se estende um vazio nas vizinhanças das minhas percepções, o que eu enxergo na crença e nas escolhas alheias é pouco, tão frívolo, vou entregando ao esquecimento, ao não sentido minhas verdadeiras vontades, minha imagem, sou uma metáfora de uma coisa qualquer que me substitui. Por um tempo achei que tudo o que sentia era conseqüência das justificáveis fases da vida, amadurecimento, adolescência, hormônios o que fosse, era questão de tempo, e esse tempo de tanto tempo em si ficou longe, desacreditado, continua em mim todos os sentimentos do mundo multifacetados e inconcebíveis, não conectados ao que eu entendo de mim e do resto, com tanto estranhamento multiplicam-se as perguntas e as insatisfações, já é difícil apostar em qualquer coisa, e o que permanece não me convence de verdade, falta, faltas...
A minha arma enferruja quanto mais eu a espalho, é a mim que ando buscando tentando me enxergar em um outro, pra que então seja assim minha forma de viver, me encontrar no alguém que supre minhas representações do mundo, que usa a mesma arma, ‘amar’ tem que ser mesmo o caminho, mas penso também que a verdade é que só me encontro na busca, no ato, é um jeito de não me apagar e esmorecer, é a forma de não se encerrar e é a isso que eu vim, à continuidade, à caça, à vontade, que tudo isso não poderia deixar de ser amar, é por tanto amor à vida, ou por tanto odiá-la, o que não deixa de ser grande amor, ferido, que busco, que quero, e vivo.
Os textos deste blog são de minha inteira autoria, excetuando eventuais publicações de autoria de terceiros que são devidamente reconhecidas.
Agradeço, de coração, a visita !



Cinthia Freitas