sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Os pensamentos, de tão pertinazes, me dão náuseas de pensar.
Descobri porque me recuso à escrita, é um pensar sem ação, é um sonhar sem asas...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Casulo


Na primeira aula de filosofia lembro-me da professora dizer que éramos como casulos diante do mundo, um mundo desconhecido e mascarado, um mundo ‘dado’, pré-programado pra nos fazer não agir_ nada além do comum, do que encaixasse à massa_ e que a filosofia nos faria enxergar mais que o óbvio, nos faria desabrochar, e eu pensei naquele instante: nunca vou deixar de ser casulo.
Meu desabrochar é de um momento, num clarão fugaz de um sentimento, pra depois me devolver ao casulo, porque me pego sempre a repetir lembranças, a contar o tempo que passou, me aterrando em memórias...
Volto ao meu casulo com músicas que me remetem a mais de uma década atrás, e cheiros de coisas que nem sei mais o nome, ou nunca soube, volto ao casulo a relembrar, rezando baixinho pra ter mais uma vez as surpresas de meu pai adentrando a sala, volto ao casulo a recolher meus sonhos nas agendas empoeiradas; no casulo conservo uma esperança e a boa ignorância de quem sorri sem ter muito mais o que fazer. Volto ao casulo nas dores de menina, lendo, relendo cartas de amores sem histórias ou de histórias sem amores, volto ao casulo até na saudade das bonecas, das brincadeiras livres, das quedas que só doíam na carne. Meu casulo abriga uma timidez estúpida e uma renúncia velada.
No casulo há tanto silêncio quanto grita meu medo nos olhos apáticos, e é uma estrada sem fim onde eu corro, corro e corro, sem chegar a lugar nenhum...
Uso meu casulo pra me proteger sabendo que ele é meu maior perigo, uso o casulo pra chorar o que não tem jeito e pra fingir o que não é e nunca será.
Nunca mais numa aula de filosofia ouvi falar sobre o que eu deixaria de ser ou o que me tornaria, e às vezes penso que é porque me escondi no casulo há tempos e esqueceram-se de mim, até eu esqueci que procurei um refúgio, vivo ‘achando’, tateando, como se fosse pegar um bom caminho ou me resignando em ter ao menos um caminho pra seguir; uma resignação inquieta, admito, como se na verdade a “casca” fosse a qualquer momento romper_ uma hora adormeço, uma hora tenho pesadelos, mas acordar mesmo não sei se é possível.
É como se eu cavasse procurando um tesouro bem no fundo, mas de medo não deixasse de olhar a superfície, de saudade não me largasse do ar puro da tranqüilidade da terra firme lá de cima, porque quanto mais cavo menos ar tenho e é cada vez mais difícil sustentar minha vontade, sustentar meu ideal.
O que me tem essa terra firme, que de firme nada tem mas não me digam, é a esperança que tanto repito, porque memórias e lembranças só a ela alimentam, e não mais dor, agora é do ‘querer’ que vivo cada sentimento...

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Cheio de amor e deserto




Lá fora a chuva desaba e aqui no meu rosto
Cinzas de agosto e na mesa o vinho derramado
Tanto orgulho que não meço
O remorso das palavras
Que não digo
Mesmo na luz não há quem possa
Se esconder no escuro
Duro caminho o vento a voz da tempestade
No filme ou na novela
É o disfarce que revela o bandido
Meu coração vive cheio de amor e deserto
Perto de ti dança a minha alma desarmada
Nada peço ao sol que brilha
Se o mar é uma armadilha
Nos teus olhos

Balada de Agosto [Fagner e Zeca Baleiro]



Assusto ao deparar com uma imagem no espelho: sou eu. Eu e meus pecados, eu e minha dor. Tentando me guardar do fim, o fim que é para tudo, até mesmo para aquilo a que nada se destina existe o fim, o fim é ao que tudo vai...
Os textos deste blog são de minha inteira autoria, excetuando eventuais publicações de autoria de terceiros que são devidamente reconhecidas.
Agradeço, de coração, a visita !



Cinthia Freitas