sábado, 25 de fevereiro de 2012


A maior parte dos leitores, talvez os menos atentos, acha que todo escritor está contando a própria história em seus livros, ou torce para isso, quando o assunto é intrigante, revelador.
Talvez pensem o 'escrever' apenas como ato. Pega o papel e a caneta, e começa a cuspir sua história... E a parte em que escrever é arte?
Palavras podem ser um amontoado de letras, apenas, para alguns, mas para quem "escreve" elas tem sabor e poder. Quem escreve pode se deleitar com a palavra 'sapato' se ela estiver bem colocada e combinada numa frase, o que não significa simplesmente rimar; o texto por completo deixa cada palavra com particular gosto quando elas sao postas por um escritor.
Com os blogs também há esse pré julgamento. Pra começar, eles estão num espaço onde perigosamente tudo parece, ou é, público. E o blog na maioria das vezes tem a identidade do autor exposta, o livro também, mas pelas conexões que a internet oferece, fica mais fácil conhecer a identidade daquele autor; as intimidades são aproximadas, ou aparentam. E é aí que a curiosidade aumenta; o que alguém que divide o mesmo espaço que você tem a dizer, e como ele fala do que você também pensa.
É esse espaço compartilhado que confunde o pensamento de alguns, que julgam conhecer o escritor como se tivessem acesso ao seu diário pessoal.
Escrever vai sempre revelar, mas na maioria das vezes vai usar parcelas da verdade íntima, explícita ou implicitamente. Um autor não usa só de autenticidade, ele tem que encaixar a sua verdade num desejo alheio, e criar, ficcionar um pouco ou completamente a sua história.
Além do mais, quem escreve não pode esgotar sua essência, assim como o que ter a dizer. Se guardar, e se resguardar, faz parte de sobreviver ao processo de estar sempre se revelando.
O olhar sobre o texto trabalhado de alguém, não deve ser principalmente o de curiosidade em desvender quem escreve, mas de saber o quanto você leitor pode se ver, ou apreender. É você que se revela diante da arte.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Eu não quero me dar para mais ninguém.
É assim que se começa a sofrer um luto?
Não há substitutos, não há possibilidades,
deveria ser o que não deu para ser.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012


Vim aqui porque preciso atualizar meu conto de fadas.
Não podia saber o que seria, e deve ser por não dar atenção a essa lógica, que tenho o sentimento de ser tudo completamente diferente. A movimentação aparentemente frenética, das vidas lá fora, dá a impressão de que aqui acontece mais em câmera lenta. Tudo bem, acho que todo mundo que se envolve em rotinas e alimenta um ciclo, sente que só o seu mundo é redondo, e o dos outros tem tantas saídas.
Acontece que hoje tive dois pensamentos. Primeiro, ando assistindo muitas comédias românticas(?). Segundo, elas não fazem diferença na minha já persistente confiança em sentimentos ganhando o final feliz. Quando imaginava meu corpo muito menos parecido com o da minha mãe, e minha cabeça mais confiante, nem tinha chegado a puberdade e já era tão orgulhosa de mim no futuro.
Se precisasse de um olhar ameno sobre mim, pediria a qualquer um que definisse a minha vida hoje, mas a penitência, necessária, é o meu olhar sobre mim mesma. É o meu julgamento sobre a minha vida. É aqui que aprendo o que preciso e o que não posso. Pois lá vou eu.
Alguma parte da confiança aprendeu que precisa de menos sonho, e se foi, e os sonhos, necessários, que acendem uma fagulha na alma quando vai ficando tudo escuro lá dentro, pegaram um cantinho e estão quietos esperando a hora.
Numa música, Fagner canta “guerreiros são meninos no fundo do peito"... Acho que me acostumei a ter o fundo do peito exposto, a ser de cara limpa, e imagino que o caminho pra quem finge, é mais fácil. Mas, e pra onde foi meu guerreiro... Isso é pra dizer que, nem sempre o sentimento cabe no espaço onde você está, e aí já é uma parte do que você nem imaginou que seria o futuro, quando pra você tudo passa pelo sentir.
Bom, por isso o conto virou crônica, atualizei essa balela de final feliz, e estou indo aprender a começar, a significar o meu dia a dia. Ainda tenho muitas chances antes de chegar o/ao final.
Os textos deste blog são de minha inteira autoria, excetuando eventuais publicações de autoria de terceiros que são devidamente reconhecidas.
Agradeço, de coração, a visita !



Cinthia Freitas