sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Voltas da vida na vida...

Quando te chamei de ingênuo não poderia imaginar que tão logo eu me sentiria assim. O gostar é pura ingenuidade... Se deleitar com um olhar, se entregar a beijos e abraços não poderia ser outra coisa senão ingênuo.
Encontrar um foco de alegria, satisfação tão fácil, com esses gestos simples, é uma linda pureza ingênua... Em meio ao caos da vida, dentro da realidade crua da rotina, da fantasia barata e morna da televisão, do tédio da superficialidade humana, nada tão melhor do que ser ingênuo e se entregar ao balanço que o gostar dá à alma.
Acreditar no teu perfeito discurso de homem sério, te fazer carinho como se meu corpo conhecesse o teu, me incluir no teu mundo com pormenores diários; nada tão melhor e tão mais ingênuo que o gostar...
Não acredito no clássico conto da princesa, mas acredito no incomum, espero sempre pelo incomum. Um lugar incomum, um gesto incomum, um pensamento incomum, uma insistência incomum... Você me veio com o pacote completo do inesperado, que de tão insuspeito se transformou em bom, em mais que ‘esperado’...
Não tenho coisas pra te desejar, como também não desejo nada a mim nesse fim de ano, pois tenho tudo aqui, tenho todas as possibilidades.
Temos muita coisa; o que foi possível, e o que ainda será.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Não há silêncio que não termine


Me demoro a pegar o livro, porque, como Clarice contou de alguém, gosto dessa ‘felicidade clandestina’ de fingir não saber pra se dar a pequenas surpresas.
O livro não é só uma fantasia a que me lanço, bem mais é um mundo real quase fantástico, de tão desconhecido pra mim.
Esse livro em particular reúne profundos sentimentos, reflexão diante das capacidades e limites humanos, consciência das coisas que habitualmente não alcançamos; é um olhar para a vida, sua fragilidade e força e seu sentido. Um alerta nos sentidos particulares adormecidos pelo tempo, acomodados nos clichês da rotina, fugidos para as maneiras mais fáceis de encarar a dureza real da vida.
Acompanhei as náuseas de viver dessa mulher, que não é uma personagem de Clarice, mas poderia ser, com tanto que carrega em si de sentimento real. Li cada palavra sentindo, vivendo naquela mata, me cobrindo da dúvida da vida, me inflamando da fé nos princípios, atravessando o medo e correndo para uma busca maior que a liberdade: uma busca íntima, do ser.
Não poderei nunca alcançar aquela força, não terei nunca tanta fé, não serei nunca tão certa de mim, mas me convenço de quem sou absorvendo essas palavras, tomando-as como ponto de partida para algo mais além do que tenho chegado. Importa agora aprender, farei isso...
Tomarei os silêncios em mim, e os transformarei em vida e em história.
Os textos deste blog são de minha inteira autoria, excetuando eventuais publicações de autoria de terceiros que são devidamente reconhecidas.
Agradeço, de coração, a visita !



Cinthia Freitas