quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Não há silêncio que não termine


Me demoro a pegar o livro, porque, como Clarice contou de alguém, gosto dessa ‘felicidade clandestina’ de fingir não saber pra se dar a pequenas surpresas.
O livro não é só uma fantasia a que me lanço, bem mais é um mundo real quase fantástico, de tão desconhecido pra mim.
Esse livro em particular reúne profundos sentimentos, reflexão diante das capacidades e limites humanos, consciência das coisas que habitualmente não alcançamos; é um olhar para a vida, sua fragilidade e força e seu sentido. Um alerta nos sentidos particulares adormecidos pelo tempo, acomodados nos clichês da rotina, fugidos para as maneiras mais fáceis de encarar a dureza real da vida.
Acompanhei as náuseas de viver dessa mulher, que não é uma personagem de Clarice, mas poderia ser, com tanto que carrega em si de sentimento real. Li cada palavra sentindo, vivendo naquela mata, me cobrindo da dúvida da vida, me inflamando da fé nos princípios, atravessando o medo e correndo para uma busca maior que a liberdade: uma busca íntima, do ser.
Não poderei nunca alcançar aquela força, não terei nunca tanta fé, não serei nunca tão certa de mim, mas me convenço de quem sou absorvendo essas palavras, tomando-as como ponto de partida para algo mais além do que tenho chegado. Importa agora aprender, farei isso...
Tomarei os silêncios em mim, e os transformarei em vida e em história.

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Cinthia Freitas