domingo, 21 de dezembro de 2008

Simone de Beauvoir


“(...) E, na verdade, fora da existência não há ninguém. O homem existe. Não se trata para ele de se perguntar se sua presença no mundo é útil, se a vida vale a pena ser vivida: são questões destituídas de sentido. Trata-se de saber se ele quer viver e em que condições.
Mas se o homem é livre para definir ele próprio as condições de uma vida válida a seus próprios olhos, ele não pode escolher qualquer coisa, e agir de qualquer modo? Dostoievski afirmava: “Se Deus não existe, tudo é permitido”. Os crentes de hoje retomam para si essa fórmula. Restabelecer o homem no cerne de seu destino é repudiar, pretendem eles, toda moral. Entretanto, estamos longe de que a ausência de Deus autorize toda licença; é, ao contrário, porque o homem está desamparado sobre a terra que seus atos são engajamentos definitivos, absolutos; ele carrega a responsabilidade de um mundo que não é a obra de uma potência estrangeira, mas dele mesmo, e no qual se inscrevem tanto suas derrotas como suas vitórias. Um Deus pode perdoar, apagar, compensar; mas se Deus não existe, as faltas do homem são inexpiáveis (...)
Cabe ao homem fazer com que seja importante ser um homem, e apenas ele pode experimentar seu êxito ou seu fracasso. ”







'Por uma moral da ambiguidade'

Um comentário:

Anônimo disse...

o primeiro pensamento que nos vem a cabeça quando tomamos isso (de que deus nao existe) é exatamente isso: Tudo é permitido.
Engraçado ne? Ao menos eu penso isso.
Se Deus nao existe entao tudo é permitido.
Mas sei que pensar assim nao me faz agir assim...
Quando Deus nao existe a gente tem uma mania de querer ocupar o lugar dele...

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Cinthia Freitas