quinta-feira, 16 de outubro de 2008

E meu delírio é a experiência com coisas reais


Calem os discursos de filosofia acadêmica, calem seus olhares arrogantes e desfaçam suas posturas pretensiosas perto de mim, não venham com suas caras feias, e só eu sei o quanto, insuportáveis!
Porque os dias são feitos de ventos que quase me carregam pelos ares na esquina onde dobro quando volto da lanchonete ou do salão, e o salão faz meu dia quando penso em ficar bonita porque o espelho é quem manda e eu não sei não me olhar nele todos os dias, de minutos em minutos, então os dias são feitos de reflexos, meus, diferentes reflexos meus. E os dias são preenchidos pelas palavras certas, aquelas que eu não leio em nenhuma página marcada pelas memórias dos intelectuais amargos, frustrados e sozinhos. Os dias são cheios da raiva da mesma lengalenga das manhãs, da paciência, ou dá vontade de tê-la quando tudo em mim grita e ferve de uma maneira assustadora e desconhecida. Porque os dias são feitos de tempo, tempo, tempo e mais tempo, curto ou longo bom ou ruim, tempo pra tudo, tudo no tempo, certo ou errado, tempo que leva sempre só o que você quer e o que quer jogar fora ele demora, demora e demora... E se transforma no tempo que eu odeio.
Porque os dias são as realizações mais simples, das conversas caladas, das aventuras secretas, no desconhecido tão óbvio, no conhecido tão esquecido, as simplicidades menores dos pequenos descobrimentos de mim mesma.
Afasto as idéias retas, as verdades absolutas, me lanço na covardia e na coragem dos meus paradoxos, se tenho veneno é por escolha, e os dias são sempre mais que as teorias que não aprendo; não aprendo nenhuma filosofia, porque filosofia não é de se saber. Porque a lua não aprendeu a me falar do que sabe, só me olha e aumenta minha agonia de não conhecê-la, porque só ela poderia me dizer de filosofia, de saber, de ser, de estar.
Porque os dias são feitos de sustos, e de cansativas repetições, porque são os dias, mesmos dias, dessa filosofia imensa de existir.




- A lua tava linda, linda mesmo hoje.

Um comentário:

Jefferson Sato disse...

Com o perdão do palavrão: a lua é a coisa mais foda que existe. Ela esteve linda mesmo nestes últimos dias. Eu gosto de sair na sacada de madrugada, só pra ficar olhando pra ela e sentindo a brisa bater.

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Cinthia Freitas