
A maior parte dos leitores, talvez os menos atentos, acha que todo escritor está contando a própria história em seus livros, ou torce para isso, quando o assunto é intrigante, revelador.
Talvez pensem o 'escrever' apenas como ato. Pega o papel e a caneta, e começa a cuspir sua história... E a parte em que escrever é arte?
Palavras podem ser um amontoado de letras, apenas, para alguns, mas para quem "escreve" elas tem sabor e poder. Quem escreve pode se deleitar com a palavra 'sapato' se ela estiver bem colocada e combinada numa frase, o que não significa simplesmente rimar; o texto por completo deixa cada palavra com particular gosto quando elas sao postas por um escritor.
Com os blogs também há esse pré julgamento. Pra começar, eles estão num espaço onde perigosamente tudo parece, ou é, público. E o blog na maioria das vezes tem a identidade do autor exposta, o livro também, mas pelas conexões que a internet oferece, fica mais fácil conhecer a identidade daquele autor; as intimidades são aproximadas, ou aparentam. E é aí que a curiosidade aumenta; o que alguém que divide o mesmo espaço que você tem a dizer, e como ele fala do que você também pensa.
É esse espaço compartilhado que confunde o pensamento de alguns, que julgam conhecer o escritor como se tivessem acesso ao seu diário pessoal.
Escrever vai sempre revelar, mas na maioria das vezes vai usar parcelas da verdade íntima, explícita ou implicitamente. Um autor não usa só de autenticidade, ele tem que encaixar a sua verdade num desejo alheio, e criar, ficcionar um pouco ou completamente a sua história.
Além do mais, quem escreve não pode esgotar sua essência, assim como o que ter a dizer. Se guardar, e se resguardar, faz parte de sobreviver ao processo de estar sempre se revelando.
O olhar sobre o texto trabalhado de alguém, não deve ser principalmente o de curiosidade em desvender quem escreve, mas de saber o quanto você leitor pode se ver, ou apreender. É você que se revela diante da arte.